sábado, 7 de junho de 2014

à querida E.

Nenhum dos habitantes da casa onde passei as tardes da minha primeira infância, e onde via todos os dias a torre das águas crescer mais um bocadinho, está vivo.
Hoje faleceu a querida E.
A casa foi vendida, as janelas estão emparedadas, a ameixoeira já não deve ter ameixas brancas e o jardim deve estar coberto de ervas e silvas.
A cozinha já não cheira a torradas feitas no forno.
O piano já não toca.
Os tetos já não são brancos imaculados e os estuques (é este o nome?) desapareceram...
Já se pode por as mãos no tubo que subia desde o rés do chão até ao sótão, pq já ninguém acende o fogão de sala.

Não é novidade, a casa está assim há uns anos, mas acredito que no fundo do coração da casa ela ainda sentia que exista. Os seus ainda estavam vivos.

Hoje tudo mudou!
E com esta mudança desapareceu um bocadinho mais da minha querida avó, e um bocadinho mais da I. pequenina que cirandou por essa casa e que recebeu todo o mimo do mundo dos seus habitantes.
...

Querida E., obrigada pela tua generosidade. Sei que estivemos sempre no teu coração e nas tuas rezas. Um abraço apertado. Estarás sempre nas minhas memórias!



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