sábado, 19 de julho de 2014

quero uma casa no campo (a minha)

sim, como a da Elis, como a do Capicua.
onde possa plantar conversas, livros, músicas e números mutantes

com a piolha e o pipoco plantados e a crescer
com risos, sorrisos e felicidade nos olhos
mãos sujas e caras lambuzadas
com porquês nos olhos e mãos feitas de lupa
onde não são princesa nem príncipe, mas rainha e rei, fada e elfo, super-heróis, astronautas e detetives

quero dias grandes e quentes
com sombras e água a correr
taças de cerejas, ameixas e morangos
fins de tarde com a melhor companhia
acompanhados pelo som do silêncio das línguas cansadas
e de noites pintadas de pirilampos

quero dias com chuva
galochas calçadas e pés descalços
saltar nas poças
dançar com os olhos molhados

quero dias com chuva e frios
a chuva do lado de lá da janela
a lareira acesa e a malha na mão

quero relva para dormir e correr
quero plantar números e vê-los crescer

quero árvores de fruto com pássaros a chilrear
e um campo com flores com andorinhas a voar

quero uma cama grande e um quarto branco e ouvir o vento nos lençóis frescos

quero o cheiro de milhais
de pão acabado de fazer
de flores e de frutos em dias quentes
da terra molhada
da pipoca a dormir
do cheiro desconhecido do miúdo
e o teu

quero ver o infinito
o azul do céu e do mar
o verde da relva
e o branco do luar








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